Clique “Ão” e Perceba Como o Conceito Ainda é “Inho”

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O Estadão foi o primeiro grande jornal brasileiro a entrar no mundo online, no início dos anos 90, antes da Abril começar o BOL e a Folha lançar o UOL.

Nos últimos dias, o Estadão lançou uma nova campanha publicitária. Uma propaganda na TV. Infelizmente, não achei a propaganda em vídeo, por isso tento descrevê-la abaixo:

Três meninas adolescentes estão batendo papo, quando uma delas diz:

– Você viu uma nova pesquisa científica, que revelou que os homens com maior chance de serem bem sucedidos são os ruivos de aparelho?

Então as três suspiram, como se imaginando encontrar um ruivo desses.

Na próxima cena, aparecem dois adolescentes, ambos ruivos, na frente de um PC. Um deles diz:

– Ei, mas porque você colocou aí (no blog) também pessoas de aparelho (além de ruivos)?

Então o que está com o teclado em mãos sorri e mostra o aparelho.

Por fim, o narrador diz:

– Você já pensou por onde anda clicando? Estadão, clique ÃO.

Ok, as palavras não são exatamente essas, mas deu pra ter uma ideia do comercial. Para quem não entendeu, um resumo:

Dois adolescentes colocaram em um site na web uma pesquisa científica falsa, afirmando que os ruivos têm mais chances de serem bem sucedidos. As meninas leram o artigo e acreditaram na besteira. Moral da história: não confie em qualquer site, acesse o Estadão.

Intencionalmente ou não, o comercial afeta diretamente os blogs que tentam tão arduamente romper esse conceito de sites não-confiáveis ou de diários virtuais.

A tendência atual é que aconteça aqui o que já aconteceu em outros países: os blogs ganhem audiência e respeito.

O que provavelmente esta mídia não percebeu, é que blogs e jornais online se complementam e não guerreiam.

O problema é que nos últimos anos a mídia tradicional vem perdendo público para os blogs. Mas é preciso entender que são mídias diferentes, que não devem bater de frente.

Jornais e revistas online tem um objetivo, que é de apenas informar. Blogs, além disso, dão opinião e possibilitam uma discussão dentro do seu espaço, junto ao leitor. É por isso que muito desses jornais também possuem blogs. Inclusive o próprio Estadão.

Ok, é perfeitamente compreensível, afinal, sabemos muito bem que existem sites com informações duvidosas. Mas não é “privilégio” de blogs, vide aquela montagem tosca do acidente da TAM que o UOL publicou em sua homepage como sendo verdadeira.

O jornalismo digital brasileiro ainda engatinha e perde feio para o impresso. Contenta-se em andar de lado e não se impõe ainda como ferramenta indispensável de informação. Para tal, é preciso entender o cenário atual e usá-lo da melhor forma possível. A vantagem da flexibilidade e colaboração dos blogs é visível.

Clique ÃO, é o que diz a campanha. “Inho”, é o conceito que perdura.

16 comentários

  1. Rafael

    Essa campanha só revela como o Estadão não pensa tão ão assim. Uma pena. Linkei no meu blog (www.tecneira.globolog.com.br), ok? Um abraço

  2. João Livi

    AGORA QUE VOCÊ JÁ LEU A VERSÃO DO GENERAL CUSTER,
    LEIA A DOS ÍNDIOS.

    Nos ultimos dias, vimos reverberar na blogosfera ataques e defesas à nova
    campanha do Estadão, feita pela Talent. Tudo começou nos blogs de publicidade e nos pegou
    totalmente de surpresa, principalmente por que o subtexto que foi espalhado
    por aí, de que o Estadão é contra os Blogs, não foi colocado em nenhuma das
    peças da campanha. Isso seria extremamente incoerente, já que o Estadão sabe
    que os blogs não só fazem parte da sociedade como do próprio Grupo Estado.
    Sendo assim, vamos analisar a questão mais de perto pra saber se houve alguma
    falha na comunicação da campanha.

    Os filmes começam com uma vinheta , World Wierd Web, que já identificam o propósito
    de fazer humor com a parte estranha, sem noção, da web.
    No filme em que o rapaz lê o blog de economia do Bruno, o cientista diz que o
    macaquinho já está copiando e colando textos pela web. É impressionante, mas a
    reação que esperávamos dos blogueiros é exatamente contrária ao que aconteceu.
    Quantas vezes, você blogueiro já não encontrou seu texto por aí, fora de
    contexto, faltando partes e sem os créditos? No outro filme da campanha, dois
    ruivos colocam informações mentirosas na internet pra sair ganhando alguma
    coisa. As meninas que são enganadas pelo hoax nunca falam que encontraram
    essas informações num blog e, do outro lado, um dos ruivos diz apenas “pronto,
    tá na net”. Nesse caso, nada de blogs. Na mídia impressa acontece algo
    parecido, apenas um do três anúncios diz abertamente “Blog”, os outros dois
    usam os termos “página” e “site”.

    Desta forma , nós posicionamos o estadao.com em linha com a proposta de
    credibilidade, conteúdo de qualidade e compromisso do Grupo Estado. Os sites,
    blogs, veículos e pessoas que frequentam o lado “luz” da internet , obviamente
    , não devem se sentir atingidos por uma crítica ao lado “escuro” do ambiente
    virtual, da mesma forma que um bom jogador de futebol não deve se sentir
    desvalorizado por ter um colega perna-de-pau ou quebrador de joelhos. Ou será
    que os publicitários que primeiro criticaram nosso trabalho consideraram
    uma campanha difamatória aos publicitários o fato
    de um dono de agência ganhar as manchetes por servir de intermediário na
    distribuição de fortunas em verbas públicas?
    Alguém em sã consciência pode defender incondicionalmente todo o conteúdo da
    internet , com seus hoaxes , pegadinhas, pornografias, ideologias escondidas,
    baixarias, falsos gurus, falsários, tomadores de dinheiro e tempo, Maranhão do
    Sul na wikipedia, alterações da história e interesses privados disfarçados de
    clamor do internauta?

    No seminário da Microsoft este ano, em Cannes, os dados apresentados levaram
    a uma inconteste conclusão: a de que a internet, como as
    regiões de uma cidade, vai se dividir em duas. Uma útil, crível ,
    inteligente, prestadora de serviço, informativa e confiável. Outra que é como
    uma rua escura e sem policiamento: vai quem quer, sob seu próprio risco. Vamos
    sempre promover o estadão.com como parte da primeira metade.

    Separar o joio do trigo na internet deveria ser do interesse de qualquer
    cidadão de bem.

    João Livi
    Diretor de Criação- Talent
    [email protected]

  3. Alexandre Maron

    Acho que todos devem agradecer ao João Livi a iniciativa dele de entrar na discussão. No entanto, nada muda o fato de que a propaganda mostra um blogueiro como um macaco. Muito legal a tentativa de explicar o que vocês queriam dizer. Mas o que foi dito, foi dito.

    Dando a vocês o benefício da dúvida. Acreditando que vocês realmente queriam dizer o que dizem que queriam dizer, só posso assumir que a mensagem foi infeliz. O filme é claro. “Tô vendo um blog ótimo sobre economia”, diz o cara. Corta pra um macaco copiando e colando textos. Os apostos existem pra isso. Quando você passa uma mensagem e não quer que ela seja generalizada de forma errada, coloca embutida nela alguma observação que evite que ela seja mal entendida. Faltou isso. Uma das lições da blogosfera que seriam enormemente útil para o Estadão é a da humildade. “Errei, pessoal. Foi mal. Não quis dizer isso.” Será que o jornal é capaz disso?

    Um abraço

  4. Henderson

    Traduzindo o que o João da Talent escreveu para uma linguagem mais “popular”:
    “Nós criamos uma propaganda genial e vocês, blogueiros, não entenderam nada e ficam nos criticando injustamente.”

  5. tonobohn Autor do post

    Não tão genial assim …

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