Se o Bono do U2 é um grande marketeiro, ou se o Bill Gates ganha dinheiro com suas ações filantrópicas, não cabe a mim dizer.
A verdade é que está surgindo uma nova forma de combater a miséria do mundo: com coração de Madre Teresa e cabeça de grande empresa.
Sempre percebi uma grande dificuldade das instituições filantrópicas, que era de ter muito coração e boa vontade, mas pouco planejamento estratégico. Isso fazia com que essas instituição tivessem vida curta, ou ajudassem menos do que poderiam.
O que Bono, Gates e John Wood, autor do livro “[bp]Saí da Microsoft para mudar o mundo[/bp]”, estão fazendo é mudar esse cenário e mostrando como a mistura de coração e razão pode ser frutífera para todos.
No livro de John Wood, ele mostra como usou toda sua experiência corporativa para fazer a “Room to Read” crescer e se estabelecer em vários países asiáticos como uma das maiores ONGs que atuam por lá.
São conceitos básicos como prestação de contas, levantamento de fundos, transparência nos resultados e estabelecimento de metas, mas que ainda faltam à grande maioria das ONG’s hoje existentes e que fazem a Room to Read crescer mais que a rede de cafés Starbucks.
Em muitas culturas nos ensinam que o dinheiro é sujo, feio, e não nos ensinam a como lhe dar e trabalhar com ele. Talvez esse seja o grande mal das instituições atuais. Quando se fala em uma reunião de algum modo de ganhar mais dinheiro, logo se olha torto.
Esse “movimento”, se é que pode ser assim chamado, vem desmistificar esse conceito, mostrando como o dinheiro pode ser a solução sim pra grande parte dos problemas que atingem famílias necessitadas no mundo todo.
Além de saber como ganhar dinheiro, é importante saber como gastá-lo. Por exemplo:
A revista Época (edição 242, Ago/07) esceveu sobre um estudo que levantou duas causas para a grande quantidade de pessoas com vírus da Aids, no Quênia. O abandono escolar e as relações sexuais entre mulheres jovens e homens mais velhos. Com uma simples doação de uniformes, com custos inferiores a R$ 24 / estudante, os organizadores aumentam a presença às escolas em 17%, levando a uma redução de 12% na taxa de gravidez adolescente. Impressionante, não?
Outro preconceito que percebo é em relação a contratar alguém para trabalhar dentro da ONG formada. É totalmente compreensivo que muitos não tenham dinheiro para contratar alguém, e prefiram voluntários.
Contudo, uma pessoa dedicada e com experiência pode levantar fundos muito mais altos do que o custo que você terá com esse funcionário. Basta saber mensurar isso. Precisamos quebrar o paradigma de que só um voluntário faz o trabalho com vontade, amor e dedicação. Muitos gostariam de ajudar mas não tem tempo, e não se arriscariam a deixar o emprego por nada.
Portanto, é importante ter paixão e dedicação caso você decida entrar no mundo da filantropia, mas não deve-se esquecer que qualquer instituição deve ter um mínimo de organização e planejamento, caso queira se manter e crescer. Caso contrário, o tempo de vida é curto, e a esperança é que a “filantropia profissional” possa ajudar a erradicar a pobreza mundial.
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